Seria coincidência que tudo isso começou a acontecer justamente
quando se está aproximando o julgamento do Mensalão!?
Foi só começar a chegar perto o julgamento que surgiu a campanha difamatória dos
juízes na mídia e o congelamento (na verdade é até um encolhimento, pois os valores foram
corroídos pela inflação e o poder real de compra se reduziu) dos vencimentos dos servidores do
Poder Judiciário e subsídios dos juízes.
Querem sufocar o Poder Judiciário no grito e pelo bolso.
Ayrton Vidolin Marques Júnior
Com nova vênia do Chico
"Por todo que é do povo,
Do mangue e do cais do porto
Ele era respeitado.
A sua lida é dos errantes,
Dos cegos, dos retirantes.
É de quem não tem mais nada.
Dedica-se assim desde menino
Da escola a academia,Cumulando a vara e o juizado
É o juiz dos detentos,
Das loucas, dos lazarentos,
Dos moleques do internato.
E também cuida amiúde
Dos velhinhos sem saúde
E das viúvas sem porvir.
Ele é um poço de idoneidade
E mesmo assim
Passaram todos a repetir:
'Joga pedra no juiz!
Joga pedra na juiz!
Ele é feito pra apanhar!
Ele é bom de cuspir!
Ele julga qualquer um!
Maldito juiz!'
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante,
Um enorme trio elétrico
Pairou sobre os edifícios,
Enviou dois mil ofícios
E baixou resoluções sem fim.
A magistratura apavorada
Se quedou paralisada
Chocada com tanta panacéia,
E do trio elétrico reluzente
Desceu sua comandanta
Dizendo: 'Agora mudei de lado!
Já não aguento nesta idade
Tanto labor e sacrifício,
Resolvi o simbolismo destruir.
Vocês vão viver o drama
Eu vou jogar vocês na lama
Vou deixar os magistrados desunidos
Mal vistos pela opinião pública
Moldados para os donos do poder servir'
E todos saberão, então, que ele
Ele é feito pra apanhar;
Ele é bom de cuspir;
Ele julga qualquer um;
Maldito juiz!
Mas ao cabo, logo ele,
Tão dedicado e tão singelo
Era cativo da embusteira
Da irresponsável imprensa,
Com mentiras plantadas
Informações mal intencionadas
Nesta era neo-populista.
Acontece que a magistratura
(E isso não era segredo dela),
Resistia em seus valores,
Sem se dobrar a indevidas ingerências,
E sob a égide da toga,
Decidiu a todos enfrentar.
Ao ver tal resistência
Os nossos políticos de Brasília
Amarraram-lhe a mão,
Dobraram-lhe os joelhos,
E com a alma destroçada e
A conta no vermelho,
Os juízes já não tinham mais tesão.
Vai na deles, vai juiz!
Vai na deles, vai juiz!
Você ainda pode se salvar!
Você não pode resistir!
Você já não julga qualquer um!
Tá dominado, juiz!
Foram tantas as maldades,
Sem direito a desmentidos,
Que ele perdeu o tino.
E entre metas e planilhas lancinantes
Soçobrou, ficou insano
A cabeça e o corpo extenuados de cansaço.
E a comandanta a falar besteira,
Dando entrevista o dia inteiro
Até ficar desgoelada
Talvez porque sabia que depois, logo em seguida
Na política entraria
Mas o Supremo com galhardia,
Pôs um freio na desatada sangria
A magistratura aliviada,
Pensou que o pesadelo chegara ao fim,
Mas estava muito enganada,
Pois o povo em romaria
Nunca mais deixou ela dormir:
'Joga pedra no juiz!
Joga bosta no juiz!
Ele é feito pra apanhar!
Ele é bom de cuspir!
Ele julga qualquer um!
Maldito juiz!'
(Bel. Pinguelas de Miranda)
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